Postagens

Palavras

As palavras es                       cor                          rem. São rios. Dependendo da queda, corredeiras. Dependendo da altura Chuva, carinho de garoa. Serão bucólicas  cachoeiras, regatos   ferozes, servis levando folhinhas caídas   vidinhas em qualquer direção. por vezes inundam-nos por vezes nos traem   Deixando-nos nus, sós seres que dão-se domesticá-la s.

Das ruas

Apodero-me da voz das ruas como motivo poético. Atroz a voz me consome Como o redemunho Do Maelstron. Eu, nem louco, nego-a (Jamais pensaria excusar-me) Afinal de cores, dores gentes, muros, passeios públicos  ônibus, fumaça de óleo diesel Faz-se o homem, seu tempo.

Ensaio de Canção

A bala, abala a língua,  a boca O doce exótico limão Quem anda não dorme de touca Mal de amar é solidão A saga, a sala a míngua, a  louca Pisar na terra jamais não Farinha muita, carne pouca Pra estilizar minha canção O salto, o sabre, a corte, a  rouca Voz firme que diz sim e não Do lado levo minha roupa Pra me perder na multidão. Sou eu o espantalho do rei Sou eu o arauto da alegria Sou eu a perdida certeza De só ganhar dia após dia.

Balancear

Para acreditar e dançar  como dança o vento, ondular, quebrar como quebra a vaga.  Meu navegar Tão doce, quão  irregular. Minha remada tão lenta, acaso ritmar.  Nada quer algo  que não  o velejar. Já não sou eu mesmo Nem barco, vela Homem, arraia de ar Ao contrário de tudo Sou todo mar.

Meninos marés

Meninos distantes, meninos Da beira do rio, do mar  Diviso tua condição mártir De tanto vida apanhar, De tanta sede a matar Diviso tua condição lúdica De caranguejo, de grauçá De marisco para pegar Clamando luas a brilhar  de estações a chegar  de fluxos, água, tempo a marcar     Diviso tua condição indigna De infância marés a levar...

Manias

Criamos manias como quem cria Num deus, num totem qualquer Desses que poluem a vista, a mente Desses que se alojam nas ilusões E administram nossos passos como tiranos Para além da distancia consentida.